O
agravamento da crise política, com o início formal da discussão e futura
votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff,
interditou a apreciação de propostas do ajuste fiscal e outras matérias
que poderiam melhorar as contas públicas.
A maior influência do PT e do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto também já provocou um efeito colateral: as propostas para colocar as contas em dia ficaram em segundo plano. Criticado pelas lideranças petistas e com risco de ficar isolado no governo e até mesmo de ser substituído no cargo, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, abriu ainda mais a torneira do crédito, na contramão do ajuste fiscal no curto prazo.
A maior influência do PT e do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto também já provocou um efeito colateral: as propostas para colocar as contas em dia ficaram em segundo plano. Criticado pelas lideranças petistas e com risco de ficar isolado no governo e até mesmo de ser substituído no cargo, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, abriu ainda mais a torneira do crédito, na contramão do ajuste fiscal no curto prazo.
Pressionado, Barbosa também ampliou o alívio de curto prazo para os
governadores, que terá impacto negativo nas contas públicas em 2016 e
nos próximos anos. Embora os projetos previstos, como a fixação de um
teto para o gasto, estejam prontos para serem enviados esta semana ao
Congresso, o foco agora passou a ser direcionado também para medidas que
o governo pode adotar para estimular o crescimento com ações que não
precisem de aprovação do Parlamento, como mais recursos para o Programa
Minha Casa, Minha Vida.
O plano traçado pelo PT era tentar fazer de Lula, que está com sua nomeação para a Casa Civil suspensa por decisão judicial, uma espécie de fiador do retorno da confiança e da votação de propostas para melhorar o ambiente econômico. Uma articulação nesse sentido chegou a ser desenhada antes da posse pelo ex-presidente em conversas com parlamentares petistas. Mas, até o momento, não foi levada adiante.
O plano traçado pelo PT era tentar fazer de Lula, que está com sua nomeação para a Casa Civil suspensa por decisão judicial, uma espécie de fiador do retorno da confiança e da votação de propostas para melhorar o ambiente econômico. Uma articulação nesse sentido chegou a ser desenhada antes da posse pelo ex-presidente em conversas com parlamentares petistas. Mas, até o momento, não foi levada adiante.
Alinhado com o discurso de Lula, o ministro da Fazenda disse na
sexta-feira que as incertezas políticas atrasam a recuperação da
economia. “Um debate público onde todo mundo grita e ninguém ouve não
leva a lugar nenhum. Propostas extremas, para um lado e outro, não são
sustentáveis e não vão resolver os problemas”, disse.
Paralela. Enquanto isso, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tocam em paralelo ao
avanço do impeachment uma pauta mínima de votações, muitas delas que
contrariam interesses do Executivo. Do governo, as duas Casas devem
votar só as medidas provisórias encaminhadas, mas propostas como o
retorno da CPMF e a Desvinculação das Receitas da União (DRU) não devem
caminhar durante o andamento do processo de afastamento.
Ao Broadcast, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, o
presidente da Câmara disse que alguma pauta do governo pode ser votada
pelos deputados durante o processo do impeachment. Ele disse que nesse
período vai seguir a pauta, com votação de MPs, mas quer votar o projeto
que define o teto do funcionalismo público e ainda pretende apreciar o
projeto que define a Lei de Responsabilidade das Estatais, proposta
encampada pelos tucanos e aprovado na terça-feira pelo Senado.
Eduardo Cunha destacou que a votação de reformas da Previdência e
tributária, as quais passou a dar apoio desde o fim do mês passado, só
devem ser apreciadas após a votação do afastamento de Dilma. “Isso só
depois do impeachment, porque precisa negociar e ninguém vai querer
negociar com um governo com risco de cair em pouco tempo”, disse o
presidente da Câmara, para quem o Executivo não tem agenda e que a CPMF –
imposto que o governo esperava aprovar no Congresso até maio, mas está
parado na Câmara – é um “engodo”.
No Senado, Renan Calheiros pretende continuar a dobradinha de pautas
que inaugurou desde o ano passado com os tucanos e que tem sido
acelerada. Mesmo se mantendo aliado a Dilma, Renan deve colocar em
votação na próxima semana o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que
fixa o teto para o endividamento da União. Outras pautas como a adoção
de governança para os fundos de pensão, proposta relatada pelo
presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), também estará na agenda.
O líder tucano no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que o País
está paralisado e que as discussões no Congresso se voltam no momento
para o processo de impeachment. Questionado sobre o fato de Renan estar
privilegiando as pautas dos tucanos, ele disse que a legenda tem criado
propostas no momento em que o governo não tem nenhuma iniciativa.
Um dos deputados petistas mais próximos de Lula, Paulo Pimenta (RS),
reconheceu que, no primeiro momento, o embate pelo impeachment, tem
levado Dilma, o ex-presidente e os parlamentares aliados a centrarem
esforços para manter o governo. “Não tem ambiente para estabilizar a
economia sem resolver a política.” Para o petista, o cenário político
“atrapalha”, mas o ex-presidente no governo tem condições de
restabelecer o diálogo com o setor produtivo a fim de restabelecer o
consumo, ampliar a oferta de crédito e reverter o cenário de recessão
econômica.
Fonte: Estadão
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