São Paulo - Enquanto as capitais brasileiras terminaram 2015 com o
mercado de trabalho no "vermelho", cidades pequenas e médias dominaram a
lista dos melhores saldos de emprego registrados no ano.
Na primeira posição do ranking, aparece Canaã dos Carajás (PA),
município com cerca de 35 mil habitantes, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2015, a criação de
postos de trabalho na cidade superou as demissões e foi atingido
superávit de 2.801 vagas, aponta o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged).
O saldo positivo foi obtido graças à construção de um complexo para
mineração da Vale em Canaã, explicou Geann Soares, diretor local do
Sistema Nacional de Emprego (Sine). "Foi o projeto S11D, para extração
de minério de ferro, que ajudou na criação de vagas entre 2010 e 2015."
Nos últimos seis anos, o mercado de trabalho do município foi reforçado
com 12.565 postos.
Entretanto, a perspectiva para a cidade não é boa. Com o encerramento
das obras da Vale, estimado para outubro deste ano, Soares acredita que
deve haver fechamento de vagas e saída de empregados para outros
municípios. "Cerca de 10 mil pessoas devem parar de trabalhar por aqui e
muitas delas vão seguir com suas empresas para lugares diferentes."
Pontal do Paraná (PR), segunda colocada no ranking, também foi
ajudada por um fator pontual. Com o aumento da fiscalização trabalhista,
muitas empresas da cidade de 25 mil habitantes precisaram registrar
seus funcionários durante o ano passado, o que possibilitou o saldo
positivo de 2.265 vagas, informou Jaime Luís Cousseau, diretor de
desenvolvimento do município.
O executivo disse ainda que a fábrica local da Techint, que produz
plataformas para estações da Petrobras, também favoreceu a geração de
postos de trabalho no ano passado. "Eles devem contratar ainda mais
gente no primeiro semestre de 2016", afirmou Cousseou.
Exportação
A alta do dólar também ajudou trabalhadores de algumas cidades do
País. Matão (SP), por exemplo, conseguiu superávit de 2.110 postos no
ano passado. O município de 81 mil habitantes conta com fábricas da
Dreyfus e da Citrosuco, empresas que produzem suco de laranja para
exportação.
William Bassi, secretário de desenvolvimento econômico de Matão, tem
estimativa otimista para 2016. "Com a manutenção do câmbio, creio que
podemos ter mais um ano com saldo positivo por causa da venda do suco de
laranja."
E situação semelhante acontece em Bebedouro (SP). Em entrevista
concedida ao DCI no final do ano passado, Lucas Seren, secretário de
Desenvolvimento Econômico municipal, ressaltou a importância do comércio
exterior para a geração de empregos na cidade.
"Temos a alta do dólar e problemas nos pomares de Flórida [EUA], que
diminuíram a produção local. Com isso, nós conseguimos ampliar nossas
exportações, o que aqueceu a economia, movimentou o mercado e gerou
emprego."
Bebedouro tem população aproximada de 78 mil habitantes e registrou
saldo positivo na geração de vagas de 1.662 no acumulado de 2015.
Desemprego
Na ponta oposta do ranking, aparecem as maiores cidades do País. Os
cinco municípios com maiores déficits de vagas são capitais estaduais:
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Manaus. Juntas, as
cinco registraram perda de 365.470 postos de trabalho.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
Contínua, levantamento do IBGE divulgados na última sexta-feira, a taxa
de desocupação no Brasil ficou em 9% no trimestre encerrado em novembro
de 2015. O resultado manteve o desemprego no maior patamar registrado
pela série histórica da pesquisa, iniciada no primeiro trimestre de
2012.
"A indústria foi, sem dúvida, o grupamento que foi mais afetado no
processo de perda de postos de trabalho, incluindo a indústria de
transformação", afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e
Rendimento do IBGE.
O setor cortou 821 mil vagas no trimestre encerrado em novembro em
relação a igual período de 2014. O resultado equivale a uma queda de
6,1% no total de pessoas ocupadas na indústria.
Outro setor com alta dispensa de trabalhadores foi o de informação,
comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e
administrativas, com recuo de 6,3% no número de ocupados, o equivalente a
668 mil vagas. O segmento de outros serviços (-3,3%) também teve
resultado fraco no período.
Renato Ghelfi e Agências
Fonte: DCI
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