Em seu
primeiro contato com os investidores para minimizar a desconfiança após
ser nomeado ministro da Fazenda, Nelson Barbosa reafirmou o compromisso
do governo com a meta fiscal de 2016 e disse que "os recursos que
ficarem faltando serão compensados com outras medidas". Os investidores
questionaram o ministro sobre a inflação e a situação fiscal do País. O
ministro reafirmou a necessidade de um ajuste fiscal e frisou que o
Banco Central está atuando para controlar a inflação e que o governo
está buscando medidas com pouco impacto inflacionário. "Estamos focados
na redução da inflação", disse.
Barbosa lembrou que o governo enviou ao Congresso uma proposta de
meta para 2016 com a possibilidade de abatimento, mas o Congresso não
aprovou a medida. Mesmo assim, o ministro reiterou o compromisso. "Vamos
perseguir a meta fiscal do próximo ano", disse durante a
teleconferência organizada pelo J.P. Morgan.
O ministro destacou o esforço do governo em reduzir as despesas e
priorizou as obrigatórias. Entre elas, citou a reforma da Previdência
Social como uma das prioridades e a reforma tributária como outra.
"Esperamos consolidar e terminar a proposta no início de 2016", afirmou.
Para o novo ministro, essa mudança é essencial para o equilíbrio das
contas públicas.
Ele informou que está em estudo a criação de uma idade mínima para a aposentadoria.
Durante teleconferência com investidores promovida pelo J.P. Morgan, o
ministro disse que a intenção é criar um mecanismo que se adapte às
mudanças demográficas da população. O fator 85/95 móvel, simulando uma
movimentação na idade mínima, é uma possibilidade para a questão
previdenciária, afirmou ele. Outra possibilidade seria uma idade mínima
que se ajustaria periodicamente "de acordo com as mudanças na
demografia".
Esperançoso com os projetos de infraestrutura e questionado por
investidores sobre o mercado para investimentos no Brasil, Barbosa disse
que o Brasil está "pronto para colocar muitos projetos de
infraestrutura". "O Brasil continua sendo um país com várias
oportunidades para investimento", afirmou. A intenção do ministro é
atrair investimentos não só nacionais como também os estrangeiros.
Para ele, o objetivo inicial deve ser o de estabilizar o investimento
para, posteriormente, aumentá-lo. O ministro citou quatro estudos de
aeroportos que serão concedidos à iniciativa privada: Fortaleza,
Florianópolis, Porto Alegre e Salvador. "Estamos revisando nossas regras
de telecomunicações e melhorando o marco regulatório", afirmou.
Questionado sobre o câmbio elevado, o ministro afirmou que o Brasil
não possui meta para taxa de câmbio. "Temos alguns mecanismos como os
leilões de swap para evitar o excesso de volatilidade", frisou. O novo
dirigente da Fazenda disse ainda que o Banco Central continua operando
com autonomia para convergência da inflação à meta. Otimista em meio à
crise, Barbosa afirmou que o governo vai estabilizar a dívida pública e o
superávit primário será o necessário para isso.
Lembrou que o governo manterá os programas sociais e os classificou
como importantes. "Criamos nova linha do Minha Casa Minha Vida reduzindo
os custos fiscais do programa", disse. "Estamos fazendo programas
sociais compatíveis com a situação fiscal", frisou.
Para o ministro, as reservas do País não têm de ser usadas para financiar investimentos e sim em caso de choques.
Com um discurso semelhante ao de sexta-feira e à fala em entrevista
exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência
Estado, no sábado, Barbosa ressaltou que está trabalhando para melhorar a
situação da economia e destacou que o governo está focado em criar
condições para aumentar o investimento. "Há muita oportunidade no
Brasil, principalmente com a taxa de câmbio atual", disse.
Otimista, o ministro aparentou confiança de que o Congresso Nacional
irá ajudar a equipe econômica e o Brasil. "Somos capazes de aprovar as
reformas no Congresso", disse. Questionado sobre as dificuldades que o
governo enfrentou, Barbosa reiterou que "muitas coisas foram feitas no
ano corrente".
O ministro lembrou ainda que o governo fez um grande
contingenciamento nas despesas em 2015, mas que o corte não foi
suficiente para que a meta desse ano fosse cumprida conforme os planos
originais.
Sobre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
o ministro afirmou que a instituição tem suas próprias fontes de
receita e que o governo mudou as condições de financiamento de
infraestrutura do Banco.
Em uma rápida fala sobre a Petrobras, o ministro afirmou que a empresa está trabalhando de forma autônoma.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
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